Adolescer
Foi aí que percebi que podia fazer a minha própria vida.
Cresci, só em idade, claro, porque sempre fui pequena. Mudei de escola, aprendi a tomar o ônibus sozinha. Naquela época a passagem custava 75 centavos. Uau! Aprendi a namorar… E namorava… Namorava bastante. Saí da timidez! Encontrei amigos que me faziam bem e eu podia fazer bem a eles também. Descobri que odiava matemática. Descobri que amava gramática e literatura. Descobri que podia jogar vôlei mesmo com 1,50m de altura. Descobri que as amizades estão dentro e fora da escola. Descobri que a escola não era apenas para estudar. Me envolvi em projetos. Aprendi a datilografar e taquigrafar (muitos nem sabem o que é isso) quando os computadores já estavam em alta. Aprendi uma nova língua. Descobri o mundo ao meu redor. Ganhei um emprego, perdi um emprego. Mas aprendi a dar valor ao dinheiro. Aprendi a fumar. Aprendi que mesmo com muita autonomia, ainda não podia ter independência. Sorri e chorei. Beijei e abracei. Me apaixonei… Tantas vezes. Aprendi que na vida também sofremos. Sofri bullying, quando nem sabia o que era isso. Fui deixada de lado por alguns mas amada demais por outros. Tirei de letra. Aprendi a sair daquilo que não me faz bem. Escrevia cartas, muitas cartas. Escrevia diários. Aprendi a ler. Aprendi o valor de uma biblioteca. Foram anos intensos. Maravilhosos. Recheados de coisas boas. Fui a festas, conheci gente. Me diverti demais. Por vezes passei da conta, ultrapassei os limites, magoei quem não queria. Mas aprendi o valor do perdão. Amadureci. Rápido demais. Segura de mim e de quem eu deveria ser. Aprendi o poder das escolhas. E as consequências que elas trazem para nossa vida. Dancei muito, pulei muito, nadei muito, curti muito, estudei… hum, nem tanto assim, mas passei num vestibulinho para ETEC aos 14 anos e num vestibular aos 17. Quis fazer Jornalismo, Direito, Educação Física, passei em Economia, e me formei em Psicologia. Me fiz grande até aqui. Aproveitei cada instante. Aprendi que a base familiar nos coloca em terrenos seguros. E talvez as minhas grandes lembranças de amor, e do amor, serão dos meus 14, 15, 16 e 17 anos. Sentido? Felicidade? É isso que fala né? Pois bem, encontrei sentido e fiz da minha adolescência um período muito feliz!
