Das “neuroses terapêuticas”

Debora Torres (Career and Care)
2 min readApr 28, 2021

Um verdadeiro tornado chamado Lorena Bandeira, esta professora capaz de costurar as quatro pontas e de repente “tchan nam”. As nuvens se espaçam, e tudo fica claro como a luz do sol. Bem, esta foi a sensação da última aula que participei sobre Teoria e Terapia das Neuroses para o Curso de Formação Clínica em LAE da Casa do Sentido.

Tudo estava meio obscuro, meio confuso ainda. Afinal de contas, ler Teoria e Terapia das Neuroses de Viktor Frankl não é fácil. Para começar, um quadro resumo que diz muito e pode muito em seus efeitos, mas que confesso tinha dificuldades para compreendê-lo:

Fonte: Teoria e Terapia das Neuroses, V. Frankl, 2016, p. 64

Lorena trouxe casos práticos, exemplos, e conceitos explicados de uma maneira amena e viável de compreensão.

Frankl coloca que o psíquico e o somático formam uma unidade íntima — a unidade psicossomática do ser humano. No entanto, ainda que estejam ligados, são duas maneiras de ser bastante diferentes enquanto constituintes do ser humano. E, seguindo nesta linha, Frankl continua dizendo que a nós terapeutas é importante conhecer a causa primária das doenças. E, estas são as únicas dimensões possíveis de enxergarmos num estado patológico, uma vez que, como o próprio Frankl continua: “Essa terceira dimensão, a espiritual, é necessária a integridade da dimensão humana… visto que o ser humano se constitui como tal apenas por meio de tais atos (espirituais), nos quais ele se eleva da dimensão somático-psíquica e alcança a espiritual.” (p. 66) — Em minha opinião, esta frase resume a essência do ser, que em sua dimensão noética não adoece.

Mas voltando ao assunto do adoecimento, para a logoterapia adoecimento é a privação da existência. E conforme Lorena nos trouxe, a pergunta então a se fazer seria: O quanto esta pessoa está privada existencialmente? — crenças disfuncionais privam a existência. É necessário então ir além do que está posto, já que nem tudo o que está posto representa a existência. A existência pressupõe uma ação, um agir no mundo, não estático, mas dinâmico. No adoecimento, o homem compara-se consigo mesmo e com os outros em sua potencialidade de ser. Esse homem que é um ser de possibilidades, mas que só mostra fragmentos de si ao outro, e não sua totalidade.

Como pensar então o saudável? — Segundo Lorena, através de um reatamento, um encontro do Dasein com a potencialidade de ser própria, um certo angustiar-se, que é natural, dado que é o que nos move. Entender que saúde é reconhecer suas próprias potencialidades diante do mundo.

O logoterapeuta deve estar atento a 3 pontos, segundo Lorena: 1) limitações da liberdade da pessoa para realizar suas possibilidades; 2) as próprias possibilidades limitadas; 3) a relação das limitações com as coisas do mundo individual do ser.

Cada vez mais me apaixono pela abordagem que eu escolhi para minha atuação, porque sim, ela faz conexão com a minha visão de homem e de mundo. De como nós logoterapeutas podemos, enquanto faróis de sentido pensar integrativamente e ajudar nossos pacientes a encontrarem seu lugar no mundo, ajudá-los a encontrarem o “são” por trás do “adoecido”.

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Debora Torres (Career and Care)

Psicoterapeuta, Logoterapeuta, Apaixonada por indivíduos, Humana, Sorridente, Tornando cada dia melhor